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terça-feira, 22 de maio de 2012

MARCOS COIMBRA

 
Ao invés de tentar mostrar a “falsidade” dessa boa avaliação — atribuindo-a à “ignorância da população”, à “desinformação das pessoas”, ao “clientelismo político”, à “compra das consciências pelo Bolsa Família” e, agora, ao “marketing do governo” — melhor fariam as oposições se começassem a análise admitindo que a sociedade aprova o governo por razões concretas. Que está satisfeita objetivamente, e não por estar sendo enganada.

Governo e marketing

Não há chefe de governo contemporâneo que não tenha “seu marqueteiro“ — ou uma empresa que faz as vezes. A comunicação de massa é relevante demais para ser deixada sob a responsabilidade de pessoas sem qualificação específica — ou para guiar-se exclusivamente pela “intuição“ do governante

De uns tempos para cá, difundiu-se uma nova teoria sobre a popularidade de Dilma. À boca pequena, os “grandes entendidos”, os que “sabem tudo de Brasília”, não têm dúvida: é coisa de João Santana!

Para quem não sabe, é bom logo explicar. Ele é o profissional de marketing que assessora a presidente desde o começo do governo. Foi o responsável pela campanha que a levou à vitória em 2010.

Sua proeminência data de quando assumiu a campanha de Lula na reeleição. Embora o ex-presidente já tivesse voltado a ser favorito desde o início de 2006 — quando o eleitorado digeriu e superou o famoso mensalão —, aquela não foi uma eleição tranquila. Até os últimos dias do primeiro turno — e do começo do segundo —, a oposição política e social ainda acreditava que tinha condições de derrotá-lo.

Moveu tudo que estava ao alcance, contando com a participação entusiasmada dos principais veículos de comunicação nacionais — que não titubearam no endosso à candidatura de Geraldo Alckmin (mais, até, que o próprio esperava). Mas Lula resistiu e terminou vencendo.

E João Santana soube fazer uma televisão que o ajudou (em muito). Como foi, quatro anos depois, um ator fundamental na campanha de Dilma.

Santana enveredou pelos caminhos do marketing político e eleitoral através de Duda Mendonça, de quem cedo se tornou um dos mais importantes colaboradores. Com o ostracismo de Duda — o coordenador da campanha de Lula em 2002 —, provocado por suas intempestivas declarações à CPI que investigava as denúncias contra o mensalão, ele assumiu o protagonismo.

Desde a posse de Dilma, Santana a tem assessorado em questões de comunicação. Em especial, é quem se encarrega dos pronunciamentos na televisão. Dirige as gravações, opina a respeito do que ela diz, sugere textos mais facilmente compreensíveis pela população.

O que faz é algo de que nenhum governo democrático moderno prescinde. Não há chefe de governo contemporâneo que não tenha “seu marqueteiro” — ou uma empresa que faz as vezes. A comunicação de massa é relevante demais para ser deixada sob a responsabilidade de pessoas sem qualificação específica — ou para guiar-se exclusivamente pela “intuição” do governante.

Mas não é por ter essa função que João Santana se tornou, nas últimas semanas, personagem da crônica política e assunto dos comentaristas.

Com frequência cada vez maior, ele passou a ser discutido não pelo que é, mas por algo que lhe atribuem: o papel de mágico.

Entre os muitos que não entendem os bons números da presidente, estão os que acham que a resposta é que são “coisa do João Santana”. O que equivale a dizer que o único motivo de ela ser bem avaliada é o marketing do governo.

Mais ainda: que Dilma é aprovada porque alguém — o marqueteiro — “manipulando” as “técnicas do marketing”, “vende gato por lebre”.

Ela, a “responsável pelo ministério”, se tornou a “faxineira ética” por “obra do marketing” — ou seja, de João Santana. Ela, a fonte dos problemas do governo, se apresenta como solução, “por obra do marketing”.

No fundo, é mais uma ficção criada pela oposição — particularmente a mídia oposicionista — para não reconhecer um fato básico de nossa vida política: que a larga maioria da sociedade aprova, com racionalidade e fundamentadamente, o governo que Dilma realiza.

Ao invés de tentar mostrar a “falsidade” dessa boa avaliação — atribuindo-a à “ignorância da população”, à “desinformação das pessoas”, ao “clientelismo político”, à “compra das consciências pelo Bolsa Família” e, agora, ao “marketing do governo” — melhor fariam as oposições se começassem a análise admitindo que a sociedade aprova o governo por razões concretas. Que está satisfeita objetivamente, e não por estar sendo enganada.

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