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RESPONSÁVEL MARIO ALVIM DRT/MT-1162

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lula participa da abertura da Expocatadores 2012

Lula na Expocatadores 2012 (Foto: Ricardo Stuckert/IL)

Durante o evento, ex-presidente recebeu prêmio que simboliza o seu reconhecimento como "amigo dos catadores"


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira (29) da abertura da Expocatadores 2012, um evento de negócios, troca de experiências, disseminação de conhecimentos e tecnologias que reúne as novidades para a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis.

Participam da feira catadores de todo o Brasil, além de representantes da África, América Latina e Ásia. Também estavam presentes no evento o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o presidente da Itaipu Binacional Jorge Samek, representantes do Banco do Brasil, do BNDES, da Petrobras e de outras empresas e entidades que apoiam os catadores de material reciclável.

No evento foram entregues os primeiros cartões do BNDES para cooperativas de reciclagem. Com esse benefício, os catadores tem acesso mais fácil ao crédito para equipamentos que podem permitir o aumento da renda dos cooperados.

Lula recebeu durante a cerimônia um prêmio que simboliza o seu reconhecimento como “amigo dos catadores”. Durante todos os anos de seus dois mandatos como presidente, Lula participou da festa de Natal do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável. E o ex-presidente garantiu que estará de novo na festa desse ano.

Site Instituto Lula

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Orientações para novos prefeitos e prefeitas do PT

(Imagem: Cesar Ogata)

A Escola Nacional de Formação do PT (ENFPT) preparou textos e vídeos com orientações para os prefeitos/as eleitos/as do PT. O material está publicado no portal da Escola, e prioriza neste momento o planejamento e as tarefas da transição e dos primeiros dias de governo.

Os conteúdos são disponíveis no portal da Escola (alguns são oferecidos na área pública do site, e outros na área de acesso dos filiados/as). Veja mais clicando aqui http://enfpt.org.br/transicaogovernamental

Já foram gravados videos com orientações sobre:

. Preparação da equipe, contas, dívidas, continuidade administrativa, súmula 25, estrutura administrativa, relatórios e dados da administração, tribunal de contas, CGU, portal federativo, contratos, processos judiciais, situação dos servidores e da folha de pagamento, relação federativa.

. Organização SNAI e SEAI.

. Modo petista de Governar, diretrizes, implantação do Programa de Governo petista.

. O Brasil hoje e as cidades que vamos governar.
. O papel do prefeito/a do PT no contexto atual do Brasil e dos municípios e o projeto do PT para o Brasil.

Os conteúdos disponíveis são os seguintes:

Introdução: Instrumentos e orientações; Equipe de transição; Acesse informações sobre o seu município

O Município e a(o) prefeito(a) no ambiente constitucional: Funções executivas do(a) prefeito(a); a organização governamental brasileira e a competência municipal; o Governo Federal, estadual e municipal, Relações intergovernamentais; Consórcios públicos; Associativismo Municipal e o Comitê de Articulação Federativa - CAF.

Aspectos relevantes para a gestão municipal: Leis de fixação dos subsídios dos agentes políticos; Código Tributário Municipal e legislação complementar; Plano Diretor e legislação complementar; Leis referentes ao planejamento e ao orçamento (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA); Regime dos servidores; Regime previdenciário; regulamentos Legislação federal e estadual; Gestão orçamentária, financeira, patrimonial e tributária; Gestão de pessoas; Participação social

Controle da administração: Tipos de controle, Tipos de controle exercidos pela Câmara Municipal; Controle social.

Recomendações para a transição: Equipe de transição; Equipe de governo; Informações necessárias para o início de mandato

Preparando-se para a posse

Os novos prefeitos e prefeitas do PT no país
Clique aqui para conhecer o documento “A situação do PT após o segundo turno da eleição”, preparado pela Secretaria Nacional de Organização do PT.

Saiba mais sobre as prefeituras e os prefeitos/as do PT no país baixando o documento “Perfil das Prefeituras e Prefeitos/as do PT Eleitos/as em 2012” (produzida pela ENFPT com dados da SORG/PT). Para fazer o download, clique aqui.

(Comunicação FPA)

Odair Cunha faz o possível na CPI. Temos que criticar é Miro Teixeira, Taques, o PMDB e demotucanos

A CPI do Cachoeira é um colegiado que tem 34 parlamentares titulares. Destes, só 5 são do PT e 2 do PCdoB. Os demais partidos, salvo um ou outro parlamentar, são vozes discordantes em diversos temas. A maioria da base governista que apoia Dilma está também na bancada da Veja, da Globo.
O PDT, por exemplo, tem Miro Teixeira (RJ) e Pedro Taques (MS) que se aliaram aos demotucanos para blindar a imprensa e o Procurador-Geral, mesmo diante de tantas evidências. O PMDB que, na época em que Renan Calheiros (AL) era alvo da Veja cogitou abrir uma CPI para investigar o Grupo Abril, não quis comprar brigas, preferindo fazer um acordão de bastidores com os barões da mídia.

O relator Odair Cunha (PT-MG), mesmo com essa minoria, fez um relatório completo, honesto e corajoso. Só de ter feito, publicado e discutido publicamente, já foi uma vitória.

Veio a reação da maioria da CPI. O colegiado não aprovaria o relatório se não tirasse o indiciamento do PGR e do jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja. Sem votos suficientes, a CPI se encerraria sem relatório final, como aconteceu com a CPI do Banestado. Até Demóstenes Torres e Marconi Perillo (PSDB-GO) torciam para isso.

Daí Odair Cunha e o PT acatar o veto da maioria, conforme explicou o relator na apresentação lida:

"As Partes VI e VII que discorreram sobre as relações da Organização Criminosa com pessoas ligadas a veículos de comunicação e sobre a atuação do Procurador Geral da República na Operação Vegas, são RETIRADAS DO RELATÓRIO, pelos motivos já expostos que, em resumo, significam a ponderação deste Relator após ouvidos os membros desta Comissão, em busca da apresentação de um Relatório que represente o pensamento médio do Colegiado e que viabilize a aprovação deste importante trabalho."
É o que é possível fazer. CPI não é revolução popular, é colegiado de parlamentares das mais diversas tendências. Outras lutas são em outros fóruns, que envolvem mobilização popular e movimentos sociais.

Vejo muitos amigos internautas crucificando Odair Cunha e o PT por isso. É um grande erro. Quem deve ser combatido por suas posições frouxas, anti-republicanas, são sobretudo Miro Teixeira (PDT), Pedro Taques (PDT), Randolfe Rodrigues (PSOL), o pessoal do PSB do Eduardo Campos, que buscam votos no eleitorado progressista, mas cortejam a mídia reacionária para obter apoio midiático, através de noticiário favorável. E também os parlamentares do PMDB, do PP, etc, além dos sócios da mídia reacionária que são os demotucanos, inclusive do PPS.
Odair Cunha fez o seu dever republicano de relatar as coisas como elas foram apuradas, sem perseguir e sem fazer vistas grossas. Atacá-lo só leva a enfraquecer uma bancada progressista, minoritária, ajudando indiretamente a reeleger em 2014 os Miros Teixeiras e demotucanos da vida.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Em reportagem, Veja aponta Riva como um campeão de processos

Gabriela Galvão

O destaque para os mato-grossenses na Revista Veja que chegou às bancas neste fim de semana foi a reportagem de uma página estampando o presidente da Assembleia Jose Riva (PSD) e suas centenas de processos. “O currículo do deputado só perde em extensão para um item de sua biografia: a sua ficha corrida”, diz o repórter Kalleo Coura, ao revelar para o Brasil, o que no Estado não é novidade para ninguém. (foto da internet)

A reportagem lembra dos 102 processos por improbidade administrativa, das 20 ações penais e dos tantos outros inquéritos a que o social-democrata responde. Segundo Kalleo, Riva é considerado “o maior ficha-suja do país” pelo Ministério Público, mas é beneficiado pela lentidão da Justiça.

Veja relembra casos como a cassação de mandato que o deputado chegou a enfrentar por denúncia de compra de votos em 2006 e posteriormente conseguiu reverter no Tribunal Superior Eleitoral. Também fala das quatro ações de improbidade em que já foi condenado e recorreu, além da suspeita de desvio de quase R$ 400 milhões do Legislativo que estaria acontecendo desde 1998.
Outro ponto ressaltado pela revista é a influência política de Riva, que desde o primeiro mandato como deputado se reveza como presidente e primeiro-secretário da Mesa Diretora. A reportagem traz ainda um depoimento anônimo de um ex-chefe da Casa Civil, que diz que o político transformou a Assembleia num “balcão de negócios de tal sorte que ninguém contesta. Tem ascendência sobre quase todos os deputados e é mais influente que o governador”.

Por fim, o repórter cita fatos conhecidos por todos os mato-grossenses como a acusação de que seu filho José Geraldo Riva Junior seria funcionário-fantasma do Tribunal de Justiça e acabou exonerado, a acusação de crime ambiental e exploração de trabalho escravo que pesa sobre sua esposa Janete Riva e os cargos que o parlamentar distribuiria a filhos de desembargadores para se manter influente no judiciário. “A dúvida é até quando ele conseguirá manter-se impune, escapando da Justiça e da Lei da Ficha Limpa”, finaliza Kalleo.
 
Outro lado

O deputado José Riva afirmou que a reportagem da Veja é encomendada. Segundo ele, o conteúdo tem cunho político, utilizando denúncias requentadas e já esclarecidas.

Eis, abaixo, a reprodução da reportagem da revista Veja desta semana, publicada na página 84
 
 
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Marqueteiro pede chapa com Lula e Chalita para governo de SP

Lula e Gabriel Chalita formariam a chapa ideal para concorrer ao governo de São Paulo nas eleições de 2014, segundo análise do marqueteiro preferido pelo PT desde 2006, João Santana, entrevistado na edição desta segunda-feira da Folha de S. Paulo. "É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo. 

Você já imaginou uma chapa com Lula para governador tendo Gabriel Chalita, do PMDB, como candidato a vice?", disse Santana, que acredita que a presidente Dilma Rousseff será reeleita no mesmo ano já no primeiro turno. 

João Santana fez ainda previsões sobre o futuro do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad: "tem tudo para ser presidente da República, em 2022 ou 2026. Antes disso, talvez seja a vez de Eduardo Campos, do PSB", declarou. Questionado, ainda, sobre uma hipotética candidatura de Joaquim Barbosa, presidente do STF, ao Planalto, o marqueteiro não se omitiu a opinar. "Poderia ter um final de carreira melancólico. Não se elegeria, faria uma campanha ruim e teria votação pouco expressiva", disse

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Relatório da PF subsidiou indiciamento do jornalista da Veja

A revista Veja emitiu nota considerando "revanchismo" o indiciamento do seu diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, na CPI do Cachoeira. Para tentar desqualificar trabalho do relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), a nota da revista diz que o Ministério Público e a Polícia Federal teriam passado uma espécie de atestado de idoneidade ao jornalista. Nada mais falso. Pelo contrário, a intensidade da relação do jornalista com o contraventor chamou atenção da Polícia Federal. O que não havia era um aprofundamento nesta linha de investigação, dado o volume de coisas e pessoas que haviam para serem investigadas.

Está transcrito com todas as letras na página 4509 do relatório de Odair Cunha, um trecho de um relatório da Polícia Federal de 2011 (antes do início da CPI, portanto) que levanta suspeitas sobre condutas que podem ir além das relações jornalista-fonte. Eis o trecho:

Nesse sentido, a própria Polícia Federal, asseverou em relatório parcial de conclusão das investigações (Ofício n. 68/2011-0PMC/SR/DPF/DF Ref.: Processo
cautelar de Interceptação telefônica n° 13279-78.2011.4.01.3500, em apartado aos autos do Processo 12023-03.2011.4.01.3500 - IPL 08912011-SR/DPF/DF):
“(...)

Exmo. Sr(a) Juiz(a) Federal da te Vara Federal de Goiânia-GO (em mãos)

O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, por intermédio de seu Delegado de Polícia Federal que subscreve esta peça, vem, no exercício de suas atribuições legais, perante V. Exa., em obediência ao r. despacho de I1s.6435/3436, datado de 02 de agosto de 2011, apresentar RELATÓRIO DE
INTELIGÊNCIA acerca dos ENCONTROS-FORTUITOS envolvendo pessoas que possuem prerrogativa de foro, que foram interlocutores (ou referidos) de investigandos dos autos principais.
....
CARLINHOS CACHOEIRA, além de utilizar parte da imprensa de ANÁPOLIS de forma direta, demonstra, pelos áudios interceptados; conseguir "emplacar" reportagens de seu interesse em outros órgãos da mídia. Destaca-se sua ligação com dois importantes jornalistas, RENATO ALVES, repórter do Jornal
CORREIO BRAZILIENSE, e POLICARPO JÚNIOR, Editor Chefe da Revista VEJA em BRASÍLIA.

Por sua vez, CACHOEIRA utiliza de seu contato com POLICARPO para passar informações que obtém que levam a reportagens na Revista VEJA, que venham a favor de seus interesses políticos. Exemplo disso é a reportagem veiculada na página da Veja que teria sido o "estopim" da queda da cúpula do MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.

Os dados iniciais que deram subsídios à investigação da VEJA que resultou na série de reportagens, teriam sido repassados a POLICARPO pessoalmente por CLÁUDIO ABREU, após intermediação feita por CARLINHOS. O interesse de CLÁUDIO ABREU deveu-se ao fato de que a DELTA estaria sendo prejudicada nos possíveis negócios escusos envolvendo o DNIT em obras de engenharia.

Este episódio demonstra que CARLINHOS possui informações e contatos que lhe permitem, mesmo que indiretamente, causar abalos políticos de tamanhas proporções, como o que ocorreu no MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES...

Há mais de 80 páginas no relatório de Odair Cunha descrevendo diálogos e o relacionamento entre o jornalista da Veja e o bicheiro, desde 2004. Se há alguma falha é, nesta parte, não ter incluído como mais um dos motivos para indiciamento, a ameaça da mulher de Cachoeira ao juiz Alderico Rocha Santos, com um dossiê que seria divulgado na revista Veja, através de Policarpo Júnior.

Diante de fartas evidências, não indiciar o jornalista praticamente equivaleria a prevaricar. E o indiciamento não é condenação. É uma recomendação para abertura de inquérito, onde o jornalista, a revista e Cachoeira poderão apresentar suas versões dos fatos, já que a própria revista fez forte lobby para não prestar depoimento na CPI, de forma a apresentar os esclarecimentos necessários.

Indiciamento de Gurgel tem provas irrefutáveis. PSDB quer pizza.

O Procurador-Geral da República Roberto Gurgel reclama de seu indiciamento no relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), na CPI do Cachoeira. Chamou de "revanchismo". Porém, sem nenhuma razão, pois o deputado apenas cumpriu o seu dever, de forma irretocável.
Se não indiciasse o Procurador-Geral estaria dando um "jeitinho", aliviando, e produzindo "pizza".

No fim do texto publico a
íntegra do trecho do relatório que trata do indiciamento. Não adianta Gurgel chamar de "revanchismo". A única saída para ele seria rebater objetivamente ponto por ponto as provas irrefutáveis (o que parece ser impossível, pelas próprias tentativas anteriores).

As provas são tão irrefutáveis, que o Procurador-Geral entrou com
mandato de segurança no STF pedindo em caráter liminar a proibição de outros procuradores investigá-lo, através do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Ora, quem, inocente, se recusaria a ser investigado por seus próprios pares? Imaginem um General se recusar a responder um IPM (Inquérito Policial Militar), diante de algum episódio nebuloso. Com que moral ele poderia continuar comandando suas tropas?

Antes de irmos ao
texto do relatório, cabe alguns comentários:

1. Foi o próprio Gurgel quem despertou as suspeitas sobre si mesmo, ao paralisar as investigações da Operação Vegas, em 2009, quando esta caiu em suas mãos. Poderia ter admitido erro, pelo menos. Em vez disso apresentou explicações que caíram em contradição e, infelizmente, a emenda saiu pior do que o soneto, confirmando que algo de muito errado foi feito.

2. É imperioso ao crime organizado infiltrar-se nas entranhas do Estado, arregimentando agentes estatais encarregados do efetivo combate à criminalidade. O alto poder de corrupção do crime organizado, fazendo com que pessoas do Estado participem da atividade, causa inércia, ou melhor, paralisação estatal no combate ao crime.

Quando Gurgel paralisou a investigação da Operação Vegas, independentemente de qual tenha sido a sua intenção, ficou exposta uma vulnerabilidade da Procuradoria à influência da organização criminosa. Isso é algo muito grave para ser varrido para baixo do tapete, e a instituição Ministério Público é a maior interessada em não deixar margem para qualquer tipo de dúvidas que possa macular sua imagem, independente de pessoas que estejam no cargo de chefia. É o próprio Procurador-Geral quem deveria pedir uma investigação sobre este seus atos que suscitaram dúvidas, para o próprio bem da instituição que comanda.

3. O relator provou com a análise da cronologia dos fatos, com os depoimentos dos delegados federais, com as respostas por escrito do próprio Roberto Gurgel, e com as leis e regras a que um Procurador-Geral deve obediência, que houve infração.

Está certo o relator, e está errado os parlamentares que querem blindar Gurgel, retirando seu indiciamento do relatório. Isso é fazer pizza com coisa muito séria, diantes de provas robustas e que o Procurador-Geral não conseguiu refutá-las.

A íntegra do trecho que indicia o Procurador-Geral está no

link:https://docs.google.com/open?id=0B13_ezCNW4WzV1FMdHRPV3Vtd2c

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mostre, com orgulho, as algemas, José Dirceu!‏

PARA LER, REFLETIR E AGIR!!

Leia o texto inédito do poeta Lula Miranda, exclusivo para o 247
:  
Condenado, sem passaporte e prestes a ser sentenciado a uma das mais duras penas da história judicial brasileira, José Dirceu não tem alternativa a não ser exibir, com orgulho, as algemas preparadas por Joaquim Barbosa, assim como fez quando foi preso pelo regime militar.
9 DE NOVEMBRO DE 2012
Por Lula Miranda
Foi o que teria dito a José Dirceu, em Setembro de 1969, um dos presos políticos naquele histórico momento de resistência à ditadura militar em que 15 prisioneiros do regime de exceção e arbítrio, que se instaurara no Brasil,  foram libertados em troca do embaixador americano – na fotografia aparecem 13, apenas uma mulher.
Exceção e arbítrio. Palavras malditas. Palavras-emblema  de tempos sombrios.
Segundo relato de Flavio Tavares, hoje jornalista e escritor, ele teria sussurrado aos companheiros na ocasião: “Vamos mostrar as algemas”. Fez isso num insight “de momento” ao notar que os presos que estavam ali perfilados, alguns agachados, como um time de futebol campeão, numa forçada pose para uma foto que viria a se tornar histórica, escondiam as algemas. E por que escondiam as algemas aqueles jovens? Talvez por vergonha. Talvez porque estivessem preocupados em como aquela imagem poderia machucar ainda mais seus familiares e parentes mais próximos. Ou talvez, simplesmente, porque já estavam por demais combalidos e abalados moral e emocionalmente para se preocuparem com aquele peculiar adereço do arbítrio. Não se sabe ao certo, tampouco importa. Mas, insistiu Tavares, naquele “insight” que, ao contrário,em vez de esconder, as exibisse.

Mostre as algemas, Zé! Exorto-lhe nos dias que correm hoje. Dias de incipiente e vilipendiada democracia.
Na foto, podem verificar, percebe-se nitidamente o Zé Dirceu exibindo, intrépido, as malditas algemas.
Eu que não fui amigo daquele jovem idealista algemado de outrora, tampouco conheci o suposto homem “todo-poderoso” do governo; logo eu que o combati na disputa política, até com palavras duras, eu que nunca o vi mais magro,  ouso lhe fazer a mesma súplica:Mostre as algemas, José Dirceu!
Não tenha vergonha de nada; tenha orgulho. Você ainda será, por vias transversas, um preso político. Sim, orgulho! Em que pese a maledicência covarde daqueles que, assim como naqueles dias sombrios de 1969, hoje lhe apontam o dedo, xingam e condenam. São os mesmos – “imortais”, “eternos” porta-bandeiras da (falsa?) moral. Ora se são!

Mostre as algemas, Zé! 
Exiba a todos, daqui e para o resto do mundo! Mostre a todos o que se faz aqui no Brasil a homens como você, que prestaram valorosos serviços à pátria; que lutaram com destemor pela ditadura; que ajudaram a eleger o Lula; que empenharam a sua vida e juventude no afã de mudar um pouco a feia face desse país tão injusto com seus filhos, ajudando a implantar políticas públicas que tiraram milhões da miséria e do desalento.

Mostre a p* dessas algemas, cara! Para o bem e para o mal. Para o orgulho dos amigos e  regozijo dos inimigos. 
Confesso que esperava que o julgamento do STF fosse “emblemático”, justo. Não “justo” pelo mesmo metro, critério ou “premissas” com que a imprensa insuflou e ensandeceu as galerias. Mas justo “de verdade”: que fossem condenados os culpados, aqueles que tivessem suas culpas efetivamente comprovadas. Sim,  que fosse uma firme sinalização rumo ao fim da impunidade no Brasil. Mas não foi isso exatamente o que se viu. Não foi isso que testemunhamos. Houve erro e exagero. Do Supremo. Da mídia grande em geral. Uma caricatura. Entre erros e acertos, a injustiça foi soberana.
Os ministros demonstraram-se, desgraçadamente, um tanto tíbios, vaidosos e suscetíveis à pressão e clamor da turba, de modo irresponsável manipulada e insuflada pela opinião publicada. 
Você foi condenado sem provas. Isso é fato, irretorquível. Foi condenado sem provas, repito. Foi condenado com base em  suposições e suspeitas, com bases em capciosos “artifícios” jurídicos, tais como a hoje célebre “teoria do domínio do fato”. Uma excrescência, uma espécie de “licença poética” do golpismo – com o perdão dos poetas, por aqui aproximar as palavras “poética” e “golpismo”.
Eu poderia “achar” que você era culpado. O meu vizinho poderia achar que você era culpado. O taxista poderia achar. Todo mundo poderia “achar” que Zé Dirceu era culpado. Mas um juiz, seja do Supremo ou de 1ª instância, não pode, em absoluto, “achar” que você ou qualquer outro é culpado. Isso é uma ignomínia – como você tem se cansado de dizer, reiteradas vezes, em suas manifestações. Não nos cansemos de, indignados, exclamar: uma excrescência, uma ignomínia!

Zé,mostre as algemas! Elas são o espúrio troféu que lhe ofertam os verdugos!
Nunca pensei em sair do meu país, Zé, agora já penso com carinho e desconforto nessa possibilidade. Como posso viver num país em que minhas garantias fundamentais de cidadão não são respeitadas?! 
Que país é esse?! Que Justiça é essa?!
Quebrou-se a pedra fundamental de toda nossa estruturação jurídica: a presunção da inocência. Em seu lugar colocaram a presunção da culpa. Parece piada, de mau gosto, decerto, mas não é. Como já disse antes, repito: não se é permitido fazer graça com a desgraça alheia. E sua vida foi desgraçada, Zé.

Mostre as algemas!
Veja bem, se você – insisto, reitero – um homem que tantos serviços prestou ao país, um homem respeitado por intelectuais, políticos e autoridades do mundo todo foi enxovalhado dessa maneira, submetido à execração pública pela mídia. Desonrado, chamado de “quadrilheiro”, “mensaleiro”, “ladrão”, o que fariam com um “poeta marginal” como eu? Um homem qualquer, sem galardão algum, sem cânone, sem mérito.  Parafraseando certa atriz de cenho angelical, “namoradinha” desse mesmo Brasil: tenho medo. 
Não sei que monstro o STF e a grande imprensa estão ajudando a criar. Mas uma coisa eu lhe asseguro: é assustador.
Para aqueles que, sem questionar, acham justa a sua condenação e prisão eu pergunto; para os “inocentes úteis” que aceitam sem titubear esses consensos forjados e essas verdades absolutas que a grande mídia sopra, todos os dias, em nossas consciências nos telejornais e nas manchetes dos jornais estampadas nas bancas; faço-lhes a pergunta que não quer calar: porque criminalizam e prendem somente os petistas e mais alguns “mequetrefes” da chamada “base aliada” do governo Lula? 
Por que essas práticas de sempre na política, hipocrisia à parte, agora “ilícitas” e “criminosas”, só são permitidas aos “de sempre”? Por que os sessenta e tantos investigados no chamado “mensalão mineiro” [não é tucano?!] não foram acusados/denunciados? E não serão jamais – pois para estes o crime é eleitoral; é caixa 2, já prescreveu [“Dois pesos, dois mensalões” – by Jânio de Fritas]. Já quando são petistas os agentes da ação...   é corrupção; é “golpe”; são “práticas espúrias”, “criminosas” de um partido, digo de uma “quadrilha”, em “sua sanha de se perpetuar ad eternum no poder”. Não, essas palavras não vieram da tribuna do Senado ou da Câmara dos Deputados,  não saíram da boca de algum político da oposição, mas – pasmem! –  foram proferidas por ministros do Supremo. Por ministros do Supremo, repito! Juízes na Ação Penal nº 470. Vejam a que ponto chegamos!!!

Mostre as algemas, Zé! Mostre as algemas!
Essas tais “práticas ilícitas” ou “criminosas” não deviam ser permitidas a ninguém - não é mesmo?  A Justiça não deveria ser igual para todos?!
Qual a resposta a esse singelo por quê?
Por que só os petistas são condenados, execrados  e presos? 
A resposta também é simples: para que o poder permaneça nas mãos dos "de sempre", nas mãos dos eternos “donos do poder”. As chamadas “regras do jogo”, até as bastardas, servem apenas para a parte podre das nossas elites; quando é para os “do lado de cá” aí deixa de ser “regra do jogo”, passa a ser crime; “práticas espúrias”; “compra de voto”.
Faço um singelo convite a todos: vamos pensar o país, no qual  a gente vive, um pouco além da hipocrisia, do partidarismo, do "falso moralismo" e dos "manchetismos grandiloquentes" de uma imprensa que serve aos interesses de determinada classe social e ideologia. Mais temperança e equilíbrio aos juízes Supremos e nem tão supremos assim, o  chamado “cidadão comum”. 
Não podemos nos dobrar a esse estado de coisas. Não podemos nos calar e assim sermos cúmplices e testemunhos silentes dos erros dos tribunais. Repito: o Supremo exagerou; a mídia exagerou. 
Quadrilha?! Onde? Compra de votos?! Penas de reclusão superiores a 30 anos! Há aí um nítido erro na tipificação dos crimes, nas condenações  e exagero na dosimetria das penas. O que é uma pena. Pois isso poderá até favorecer aos condenados, pois essas condenações injustas e essas penas exageradas certamente serão revistas algum dia, por esse ou por outro tribunal. Espero, sinceramente, que sejam revistas por esse mesmo colegiado, pois ali também estão homens de valor. E que essa vergonha, esse grave equívoco não se perpetue.
Nesse momento, só me resta dizer...
Mostre, com orgulho, as algemas, José Dirceu!

Lula Miranda é poeta, cronista e Economista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda