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sábado, 19 de junho de 2010

Produtores e técnicos juinenses fazem intercâmbio em Rondônia e Acre (Clik aqui e acesse www.correiodonoroeste.com.br)


quinta-feira, 17 de junho de 2010 - Brasil, Destaque

A Secretaria Municipal de Agricultura, Mineração e Meio Ambiente de Juína (Samma) em parceria com o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) proporcionaram uma viagem de intercâmbio para 40 produtores de Juína aos estados de Rondônia e Acre. A partida foi às 19 horas do dia 6 de junho (domingo) quando o ônibus saiu do ponto do encontro, em frente à Samma. O retorno foi uma semana depois, na madrugada de domingo (13/6).

O secretário de Agricultura, Vicente Peruzzo, ressaltou a importância da viagem para os produtores juinenses ter novas experiências, fazer descobertas e ampliar possibilidades. “Este projeto é parte de uma parceria com o Fundo Nacional do Meio Ambiente no qual assistimos 200 famílias em Juína. O objetivo da viagem é trazer novas e exemplares práticas de desenvolvimento, de ganho e renda para Juína. Este é o motivo que os produtores foram para o Acre e Rondônia, ver como os produtores de lá, que são assistidos pelo mesmo projeto, diversificam produções. Que eles possam ver e trazer receitas, melhorar suas práticas de trabalho e assim aumentar seus ganhos”, disse Vicente.

Segundo o coordenador do projeto, Ildamir de faria, os agricultores, técnicos, imprensa, diretores de associações e de cooperativas que tiveram o privilegio de participar desse intercâmbio, obtiveram um conhecimento muito grande em questão de como planejar uma propriedade rural de forma torná-la geradora de renda e ao mesmo tempo respeitar as leis ambientais. “Analisando toda a trajetória dos empreendimentos visitados, é possível perceber a preocupação das cadeias produtivas de forma completa, ou seja, pensando o processo produtivo de forma completa, desde a organização da produção, assistência técnica, agro-industrialização e comercialização da produção. Agora é o momento de colocar em prática as experiências visitadas”, afirmou Ildamir.

Por causa da impossibilidade de trânsito na BR-174 (Juína-Vilhena) a viagem foi bem mais extensa. Após pegar a MT-170 até o trevo que dá acesso a Sapezal a viagem seguiu pela BR-364, passaram por Comodoro, Sapezal e, enfim, em Vilhena. Onde seriam 240 km (cerca de 4 horas de viagem) a viagem pelo trajeto alternativo aumentou 500 km e mais 8 horas na viagem.

Nova Califórnia
Após 30 horas de viagem, por volta de uma da manhã de terça-feira (8/6), o grupo chegou à Nova Califórnia, distrito de Porto Velho, a 350 km de distância da capital rondoniense. Ninguém teve muito tempo para descansar, logo cedo, às 8 da manhã, foram conhecer duas propriedades agroflorestais em Nova Califórnia. Cerca de 5 km da área urbana, o grupo chegou na propriedade do Sr. Semildo Kaefer, a primeira visita do Intercâmbio. Lá os visitantes puderam conhecer a produção de Cupuaçu, castanha e pupunha que são o carro-chefe da propriedade de 13 hectares e 100% preservada. Quando teve que recompor a área, sr Semildo plantou árvores frutíferas e produtoras que servem como reflorestamento e, desta forma, obtém renda de forma sustentável da propriedade.


Produtores e técnicos escutam as explicações de Semildo Kaefer
Ainda na parte da manhã os produtores conheceram outra propriedade. Silvino Sordi, dono da área, cultiva várias frutas, pupunha e árvores que, do nécta, proporcionam renda. Uma delas Sr. Silvino chega a vender por R$ 0,50 o ml (ou R$ 500,00 o litro). Outra árvore que chamou a atenção foi a noni (morinda citrifolia), a grande maioria dos visitantes não conhecia a fruta que chega a custar R$ 40,00 o kg e o suco ultrapassa os cem reais (R$ 100,00) o litro. Esta fruta é considerada uma grande descoberta da área da saúde pelo seu alto valor nutricional.


Silvino Sordi (E) fala aos visitantes sobre sua propriedade
No período da tarde, o grupo pôde conhecer detalhadamente o projeto Reca (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado). Primeiro estiveram na fábrica de palmito de pupunha, em seguida conheceram as etapas desde a secagem da semente até chegar à manteiga do Cupuaçu, vendida para Natura. Ainda na terça-feira (8/6) o grupo seguiu viagem em direção à capital do Acre, Rio Branco.

Rio Branco
Na quarta-feira (9/6), os produtores visitaram a Central de Abastecimento da Secretaria de Agricultura (Ceasa) e à tarde foram ao Poma (Polo Moveleiro de Rio Branco). No Ceasa os produtores juinenses conheceram o sistema de trabalho da Central que foi recentemente construída. No Polo Moveleiro todos ficaram impressionados com a assistência que o governo proporciona aos moveleiros.

Diretor do Ceasa fala sobre as expectativas e desenvolvimento da Central
No Polo o empresário tem toda a assistência que ele possa precisar. Vinte profissionais, uma oficina, estufas e vários outros serviços disponibilizados gratuitamente aos empresários e madeireiros. Na verdade não é gratuito, pois o pagamento de impostos, que já deveria ser suficiente para uma contra partida do setor público, no Acre esta lógica acontece de verdade. (Clique aqui e saiba mais sobre o Poma).

O pecuarista Adão Luiz de Oliveira considerou a viagem bastante produtiva pois todos tomaram contato com uma atividade no qual ainda não conheciam. Atividades produtivas e rentáveis que podem servir aos pequenos e grandes produtores. “Estamos em um momento único na humanidade que o homem preocupada em preservar o meio ambiente. Além de estar contribuindo com o meio ambiente você também está encontrando uma renda”. Adão também lembrou que a aplicação dos conhecimentos depende dos governos. “Já a implantação na região vai depender do poder público, pois a maioria dos produtores não têm conhecimento técnico, nem recursos financeiros. Serão necessários financiamentos para implantar e a certeza do que irá comercializar”, finalizou Adão.

Xapurí, Brasiléia e Cobija
Na quinta (10/6) tiveram a oportunidade de conhecer Xapurí, cidade onde viveu Chico Mendes. Visitaram o memorial e a casa em que foi assassinado e puderam conhecer mais sobre o seringueiro que tentou proteger a floresta de fazendeiros que expandiam cada vez mais os pastos para suas cabeças de gado e devastavam a floresta amazônica.

Visita ao memorial Chico Mendes, em Xapurí (AC)
Ainda na parte da manhã chegaram na cidade Brasiléia e conheceram uma propriedade modelo onde há criação de frangos, catetos, pacas e peixes. Na agricultura cultivam feijão, milho, arroz e outros produtos em menor quantidade. Só com os frangos, Rosildo de Freitas fatura cerca de R$ 3.500.

No final da tarde os produtores juinenses tiveram um tempo livre e foram à Bolívia. Brasiléia é vizinha de Cobija, cidade boliviana. Lá os juinenses puderam fazer comprar a preços baixos quase como os do Paraguai, que são mais em conta.

De volta a Rio Branco
No mesmo dia voltaram à capital do Acre para, no dia seguinte (sexta-feira, dia 11/6), conhecer os mercados Velho e Novo. No período da tarde foram conhecer a organização não governamental Pesacre (Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre).

Fundado em 1990, o Pesacre se dedica a estudos e pesquisas sobre o uso sustentável dos recursos naturais, e promove a efetiva adoção de práticas sustentáveis de utilização desses recursos em benefício das populações tradicionais da região de hoje e das gerações futuras. Com uma equipe multidisciplinar, o Pesacre desenvolve vários projetos e ações voltados para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento de tecnologias para o correto uso dos recursos naturais da região.

Integrantes do Intercâmbio chegam ao Pesacre
Ainda no dia 11 de junho, às 15h30m saíram de Rio Branco com destino à Juína e, após mais de 30 horas, o grupo retornou à “Rainha da Floresta”. Mesmo todos cansados, por cinco minutos o coordenador Ildamir de Faria fez um resumo e conclusão do intercâmbio que, com certeza, foi marcante para todos.

“Foi de fundamental importância para nossos agricultores como para os líderes de associações, cooperativas e técnicos da Samma, pois foi possível conhecer novas experiências que vem sendo desenvolvido com agricultores familiares que vem garantindo o desenvolvimento sustentável do pequeno agricultor no campo, garantido a geração de renda, vida digna no campo com conservação ambiental”, disse o Assessor Técnico da Samma, Ildamir de Faria, que esteve coordenando os trabalhos do grupo durante a viagem.

Transporte e aprendizado
A viagem contou com o serviço da Viação Juína, que disponibilizou um ônibus e dois motoristas para acompanhar o grupo. Flávio Domingues e José Neves desempenharam com excelência, com toda educação, paciência e principalmente competência e responsabilidade no volante.

Ambos puderam aprender muitos sobre produção no campo. Um deles, Flávio Domingues, que possui uma área de 4 hectares, trouxe sementes e pretende cultivar e, se possível, obter uma renda com os frutos. “A intenção é plantar, fazer um canteiro de sementes de várias frutas como maracujá, noni, entre outros. E caso se concretize o projeto do frigorífico de frango, também pretendo ser um dos criadores”, disse Flávio.

Já José Neves que também acompanhou atentamente as visitas, ressaltou o aprendizado adquirido na viagem. “Foi muito interessante, pude aprender muito com as visitas que fizemos nas propriedades rurais, e o que não tem em Juína, possa ser implantado e contribuir na economia do município”, completou José.

Abatedouro de frangos 12 mil aves/dia
Por algumas vezes já foi discutido a implantação de um frigorífico de frango em Juína e, por diversas ocasiões, foi dito que seria inviável por não haver produção de grãos por perto. No município de Brasiléia, os produtores juinenses puderam conhecer uma realidade que quebra totalmente este conceito. Vários produtores rurais se transformaram criadores de frangos em grande escala.

Iniciaram a plantação de milho e, com parceria com o governo estadual, construíram viveiros, um frigorífico e uma fábrica de ração que compra toda a produção de milho da região e para completar os ingredientes da ração, importam de outros estados pó de osso e farelo de soja, e mesmo assim é totalmente viável para todos os envolvidos.

Isto prova que em Juína, esta e outras iniciativas podem ser implantadas e ainda com mais facilidade, pois está próximo de uma região produtora de soja e de vários frigoríficos que podem fornecer o pó de osso, proveniente do gado, carro-chefe na região.

Wallace Araújo, Correio do Noroeste
fotos: Wallace Araújo e Mario P. Alvim

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