O prefeito de São Paulo, fundador do PSD, Gilberto Kassab, foi recebido com vaias pela plateia petista
Por: Iolando Lourenço e Luana Lourenço
Dilma enfatizou a importância de Lula para o país e disse que é preciso avançar (Foto: José Cruz/ABr)
Brasília - Ao participar na noite desta sexta-feira (10) da comemoração dos 32 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), a presidenta Dilma Rousseff lembrou a trajetória do PT, elogiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reafirmou que o maior compromisso de seu governo é erradicar a miséria e garantir mais oportunidades aos brasileiros pobres.
Dilma ressaltou a diversidade da composição do PT , que segundo ela, “tem sido um estuário das velhas e novas tradições de luta”, e que conseguiu reunir os que resistiram à ditadura militar, sindicalistas, ativistas de direitos humanos, entre outros.
Lula foi lembrado pela presidenta como “filho do povo brasileiro” que representou as esperanças do povo por um país melhor. “Temos orgulho de ter em nossas filas o nosso querido Lula, esse filho do povo brasileiro que nos surpreendeu a todos, ao Brasil e ao mundo, que sintetizou as grandes esperanças da imensa maioria da nossa nação, como lutador, como presidente e como referência nacional e internacional, nos entrega todos os dias uma grande herança, que tenho o orgulho de continuar."
Ao comentar a “herança” do ex-presidente, Dilma listou avanços econômicos, políticas sociais e o fortalecimento das relações entre o Brasil e os países da América Latina e da África, mas disse que o governo ainda tem pela frente o desafio de acabar com a desigualdade. “Tivemos avanços, mas não somos partido de nos contentarmos com o que até aqui foi logrado, achamos que é possível mais, avançar mais. A verdadeira mudança social não deve se resumir à passagem das pessoas da classe D ou E para a classe C, tem de se traduzir em um movimento mais profundo de caráter social.”
A presidenta também destacou a importância de priorizar a educação dando oportunidades a todos. “Não se pode perder de vista que é necessário também construir uma sociedade de homens e mulheres educados, fruto de oportunidades obtidas no presente, capazes de construir o próprio futuro e o futuro do país.”
Dilma também falou sobre o trabalho da base aliada no Congresso Nacional, destacando que chegou ao poder graças a um projeto político nacional, apoiado por vários partidos. “Essa coalizão tem se revelado leal e eficaz na tarefa de transformar o Brasil. Sou agradecida à base, mas esse também é um governo do PT, seu principal partido de sustentação e, por isso, grande responsável pelo sucesso e eventuais insucessos do meu governo”, disse.
A presidenta convocou militantes, intelectuais, pensadores a ajudar na construção de um Brasil mais justo, com mudanças estruturais e também com movimentação de ideias. “Uma grande transformação está em curso no Brasil e deve ser acompanhada de um grande movimento de ideias.” De acordo com ela, não há mudança social sem mudança cultural.
O ex-presidente Lula, que não pôde comparecer à comemoração porque está em fase final de tratamento de um câncer na laringe, enviou uma mensagem aos petistas, rememorando a trajetória do Partido dos Trabalhadores, seus feitos, e agradecendo a militância. Lida pelo presidente do PT, Rui Falcão, a mensagem de Lula destacou a participação da legenda no processo que levou à redemocratização do país e o “modo petista de governar”, que tem, segundo ele, tem transformado o país.
“Nosso projeto transformador, hoje sob liderança de Dilma, segue de vento em popa. Além de consolidar as conquistas do período precedente, ela também está dotando o país de novos objetivos estratégicos, metas econômicas, políticas sociais e culturais, que pavimentam o caminho para o futuro.”
Falcão também destacou a importância da militância na história do PT e conclamou os filiados a atuar firmes nas campanhas eleitorais deste ano. Segundo ele, o partido vai trabalhar para continuar com o que tem, reconquistar o que perdeu e ganhar novos espaços nas eleições municipais.
A festa petista homenageou o filiado número um do partido, o ex-militante comunista Apolônio de Carvalho, que completaria 100 anos esta semana, com a exibição de um vídeo com a trajetória do fundador e saudações à viúva Renée de Carvalho. A maioria dos oradores recordou os feitos de Apolônio e sua importância para o Partido dos Trabalhadores.
A comemoração dos 32 anos do PT contou com as presenças de 18 ministros do governo Dilma, do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, do presidente da Câmara, Marco Maia, do presidente da Central Única dos Trabalhadores, Arthur Henrique, de líderes da base governista, representantes de outras legendas de apoio ao governo e figuras emblemáticas do partido, como os ex-presidentes da legenda, José Genoíno, Marco Aurélio Garcia, Ricardo Berzoini e José Dirceu. O prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi o único recebido sob vaias da plateia petista.
Compareceram à solenidade também governadores petistas, senadores, deputados, prefeitos, vereadores e militantes de todo o território nacional.
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