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terça-feira, 12 de julho de 2011

Francisco Beltrão, o celeiro da agricultura familiar

O casal Nelson e Seli Parizotto mostra a produção de leite em Francisco Beltrão (PR). Foto: Rafael Alencar/PR

Em cada município brasileiro há, em média, duas mil pequenas propriedades de agricultura familiar. Em Francisco Beltrão, situado no Sudoeste do Paraná, esse número chega a 19.588 chácaras ou sítios. São famílias que herdaram dos primeiros colonos da década de 1960 o gosto pelo trabalho na terra. Nelson Parizotto, 50 anos, é um dos muitos exemplos. Tinha cinco anos quando aportou nesta região, deixando a gaúcha Carazinho.

“O Rio Grande do Sul tinha terra fraca e o Paraná era mato. As estradas eram abertas no braço quando viemos”, lembra.

A fixação dos colonos no Sudoeste do Paraná e no Oeste de Santa Catarina abriu caminho para a agricultura familiar no Brasil. Uma experiência que deu origem à expressão e serviu de modelo para a atividade no país. Em Francisco Beltrão, 88% das propriedades são voltadas para a agropecuária e se enquadram no perfil dos agricultores familiares. Juntas, ocupam uma área de 277.868 hectares. De lá, os pequenos trabalhadores rurais conseguem o sustento com o comércio do leite, frango, suínos, trigo, soja, feijão, frutas e hortaliças, entre outros.

Dono de um sítio de nove hectares, onde são criadas 16 vacas, Nelson Parizotto e a mulher Seli retiram 300 litros de leite de dois em dois dias. Cada litro é comercializado por R$ 0,65. Com a ajuda dos recursos do Pronaf, o casal adquiriu um equipamento de resfriamento do leite e duas ordenhadeiras. Uma realidade bem diferente de quando começaram a trabalhar na terra, há mais de 20 anos. Tinham de ordenhar as vacas à mão e plantar sementes esperando que tudo desse certo.

“Antes, a gente pegava a semente e plantava ao Deus dará. Eu tinha de ir trabalhar por dia para sobreviver”, revela ele. “Por isso que eu digo que um homem dura muito e que o trabalho não mata ninguém”, completa.

A produção leiteira é o forte da região, assim como a organização em cooperativas, outra referência de Francisco Beltrão. Para se ter ideia, 200 agricultores integram a Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar. Juntas, as ordenhadeiras retiram de 150 mil a 200 mil litros de leite por mês, que são vendidos in natura para a indústria que, por sua vez, produz queijo e iogurte ou comercializa com a rede de ensino para uso na merenda escolar. Nesta região paranaense, 27 cooperativas de leite estão organizadas em 27 cidades. Todo mês, essa união resulta em seis milhões de litros de leite.

Jovens no campo – O casal Parizotto é organizado e econômico. Todos os recursos que buscam junto ao Pronaf têm como destino a compra de sementes e a preparação da terra para o plantio. Nelson e Seli investem na lavoura de milho e outros grãos que seguem para a ração dos animais. A cada ano, destinam R$ 2,5 mil. “Hoje é muito fácil. Pego o dinheiro no banco e pago no ano seguinte. Três dias depois de pagar, já tenho o dinheiro de novo na conta”, detalha.

No passado, disse, era tanta burocracia para ter acesso à linha de financiamento, que até desanimava. O agricultor só lamenta que o apego que ele e a mulher têm pela terra não é o mesmo que o dos dois filhos. Diz que os jovens não querem seguir o caminho. “Quem vai plantar depois de nós?”, indaga.

Manter os filhos dos herdeiros dos colonos no campo é a missão da agricultora familiar Daniela Celuppi, 28 anos. Formada em Pedagogia, ela trocou de profissão. Mora com os pais numa propriedade que produz frutas e sete mil litros de leite por mês. Quer ensinar os filhos a amar a terra. “Hoje a situação das famílias é boa, os juros do Pronaf são baixos, não há burocracia”, diz ela.

Antes do Pronaf, a família tinha de usar os ganhos da propriedade e qualquer mudança climática acabava com a produção. “Com o Pronaf, tem até dinheiro para o seguro. Tua safra fica assegurada”, comemora. Daniela revela que aguarda com ansiedade a visita da presidenta Dilma à cidade. É a primeira vez que um presidente vem a Francisco Beltrão. “É uma honra grande. Tenho a esperança de chegar um pouquinho perto dela”, contou.

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