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sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma defesa do distritão. Porque o Brasil é uma democracia


17 de março, 2011 | Autor: Daniel Pearl editor geral

Depois de ler na Folha (*) entediante artigo do Padim Pade Cerra a favor do voto distrital, percebi que deveria haver algo de errado com o voto distrital.
Se o Serra e o Farol de Alexandria defendem o voto distrital deve ser para acabar com a “democracia de massas”, aquela de que o Otavinho tem ojeriza e construir a “democracia de Higienópolis”, do Country Club, ou do Paulistano, onde babá tem que usar uniforme e crachá.


Resolvi me ilustrar com o sempre sábio Oráculo de Delfos.

- O voto distrital no Brasil é um sonho de uma noite de verão, meu filho, diz ele.
- Por quê ?
- Como é que você vai dividir os distritos do Amazonas ?
- Ou em São Paulo, mesmo ?
- Sim ! Me diga aí: como é que você vai dividir o ABCD em distritos ? Só se for com sangue.
- Mas, os Estados Unidos têm voto distrital e o Cerra e o Fernando Henrique acham que copiar os Estados Unidos significa “avançar”…
- Lá nos Estados Unidos a eleição para a Câmara é de dois em dois anos … uma loucura … e tem gente que se re-elege por oito mandatos …
- Ou seja, não há renovação.
- Não ! Petrifica a representação.
- Êta ! E o distrital misto, o distrital com lista ? O PT ama !
- Claro que o PT ama. É o partido do poder, é o mais conhecido.
- E vai atrair mais gente.
- O ponto não é esse. O problema da lista é que beneficia a oligarquia dos partidos. Os partidos é que escolhem quem vai se eleger.
- Mas, isso não vai fortalecer os partidos ?
- Meu filho, no Brasil não há partidos para valer. E como é que eu faço: eu quero votar no Zé da Silva, mas não quero votar no PT. Como que eu faço ?
- Hoje, se você votar no Zé da Silva você votará na coligação em que o PT estiver.
- Tudo bem. Mas, não vou votar no Joaquim Manuel que eu detesto, mas o PT quer eu eleja ele com o voto do Zé da Silva. Entendeu ?
- Entendi. E o distritão ? Dizem que ele não presta porque o patrono dele é o Francisco Dornelles, um político conservador.
- Não sei se é conservador ou modernista. O que eu sei é que é o que melhor se adapta ao Brasil.
- Por que ?
- Você elege os mais votados de um estado – o estado é o distritão. Se o Estado tem direito a 30 cadeiras, você elege os trinta mais votados. Os trinta representam a população daquele estado. É em razão da população. Nada mais democrático.
- Bom, você quer que se elejam os mais rico, os que têm os maiores financiadores…
- E hoje, como é que é ? Quem tem mais chance de se eleger: quem tiver mais dinheiro ou menos dinheiro ? Não seja ingênuo, meu filho. Dinheiro vota !
- Só com o financiamento público das campanhas, resolvo interromper.
- Não sei …, diz o Oráculo, sempre cético.
- Mas, também criticam no distritão que ele esmaga as minorias, esmaga os menos votados da coligação de hoje …
- Você quer dizer … esmaga os que não têm voto …
- Exatamente, os que não têm voto, mas estão na coligação bem votada.
- Meu filho, democracia é para quem tem voto. Quem não tem voto hoje trate de ter amanhã.
- Quem não tem voto não tem voto.
- Você está bom, hoje !
- Mas, você diz que o Brasil não tem partidos. Você quer o distritão, que acaba com as coligações partidários, ou seja, essa reunião em torno de partidos que têm idéias parecidas …
- Meu filho, não há nada mais diferente do PT do Rio Grande do Sul do que o PT do Rio Grande do Norte.
- Deve ser.
- É. Então, como é que se formam as alianças ideológicas ?
- Boa pergunta.
- O que se elege num distritão chega a Brasília e se aproxima dos que pensam como ele, em outros distritões.
- Isso tem mais legitimidade do que hoje ?
- Qual é a legitimidade de uma aliança que tem um deputado por São Paulo com três votos, eleito pelo Tiririca ?
- Você, então, caro Oráculo, não tem medo de o distritão esmagar a minoria.
- Não, meu filho.
- Por quê ?
- Porque o Brasil é uma democracia.
- Não entendi.
- Eu sei. Você é um pouco lerdo.
- Não precisa humilhar, Oráculo.
- Democracia só é democracia se a minoria puder ser a maioria de amanhã.
- Com voto.
- Sempre.
Pano rápido.

Paulo Henrique Amorim – Conversa Afiada.

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