sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Ministério de Dilma tem a cara da continuidade. É óbvio
Celso Marcondes
Novos nomes serão oficializados nesta sexta-feira. Sem surpresas, para surpresa de alguns
São dadas como certas as indicações de 3 ministérios para o PMDB: Nelson Jobim, Edison Lobão e Wagner Rossi, para a Defesa, Minas e Energia e Agricultura, respectivamente. A participação do partido não vai parar por aí, deve chegar a 5 ou 6 cadeiras. A definição daqueles nomes visa aplacar a crise causada pela divulgação do nome de Sergio Luiz Cortês para a Saúde, anúncio feito não pela presidente eleita, mas sim por Sérgio Cabral.
Este teve que vir a público para se desculpar pela inconfidência. Havia acertado tudo com Dilma, mas, óbvio, não que seria o porta-voz da notícia.
O episódio mostrou quão é complicada a negociação com a federação de interesses que é o PMDB. Garantir um dos ministérios mais importantes do governo, como é o da Saúde, ao contrário de deixar exultantes os membros do partido, causou o maior rebuliço. A conexão direta de Cabral com Dilma incomoda demais ao vice-presidente eleito Michel Temer. E ao PMDB da Câmara, ao PMDB do Senado e aos vários PMDBs regionais. Incomoda também a muitos petistas, mas isso é outra história.
O que importa aqui é tentar entender o tamanho do nó. No ministério atual do presidente Lula, há 3 ministros do PMDB que não são considerados da “cota” do partido: José Gomes Temporão, Henrique Meirelles e o mesmo Jobim. Os 3 são do PMDB, mas “não contam”, os dois primeiros já foram descartados para seguir no próximo governo.
O partido quer mais 3 vagas. Chegar a elas não vai ser nada fácil. Temer quer Moreira Franco no ministério das Cidades, mas ele é adversário de Cabral no Rio. Farão um acordo? Temer emplaca Moreira e Cabral garante Côrtes na Saúde?
Outras definições
A recordar: estão oficializados até aqui apenas Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central).
São considerados definidos, a oficializar a qualquer momento, Luciano Coutinho (BNDES), Antonio Palocci (Casa Civil)e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência)
São considerados certos, mas talvez a nota oficial não saia tão cedo: José Eduardo Martins Cardoso (Justiça), Paulo Bernardo (Comunicações), Antonio Patriota (Relações Exteriores), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Educação) e Carlos Lupi (Trabalho).
Estão com grandes chances de emplacar: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Isabella Teixeira (Meio Ambiente), José Sergio Gabrielli (Petrobras) e Maria Fernanda Coelho (Caixa).
Estão indefinidos nas cotas de partidos aliados:
PC do B: Orlando Silva ou Manuela D’Ávila ou Jandira Feghali.
PSB: Fernando Bezerra ou Antonio Carlos Valladares ou Luiza Erundina.
PR: Alfredo Nascimento ou Jaime Martins.
Um ministério ainda misterioso? O da Cultura. Juca Ferreira quer ficar, tem até campanha eleitoral. Correm por fora: Emir Sader e Fernando Morais. Marilena Chauí, outra bem cotada, não deve ter pique para uma temporada em Brasília.
Já ficaram pelo caminho: Marta Suplicy e Ciro Gomes. Este, preferido dos leitores de CartaCapital em nossas enquetes, sumiu do mapa e das bolsas de apostas. Se já não foi descartado, ainda não dá para eliminar totalmente a hipótese de que ressurja retumbante.
Este quadro que se desenha já mereceu severas críticas em editoriais e colunas de órgãos da grande imprensa. Diziam que está muito parecido com o do governo atual, já foi chamado de “vice-ministério”. Para mim, nenhuma surpresa até aqui. Surpresa seria se Dilma tirasse do fundo da cartola algum nome para seus principais auxiliares.
Ou, como disse o presidente Lula: “Vocês queriam o quê? Que ela convidasse alguém do DEM?”.
Celso Marcondes é jornalista, editor do site e diretor de Planejamento de CartaCapital. celso@cartacapital.com.br
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