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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Quando até a velha imprensa admite cenário de favoritismo para Dilma


A infindável demora para escolha do vice de José Serra e a crise instaurada em sua base de apoio, em decorrência dos desentendimentos entre DEM e PSDB na última semana, deram à campanha da oposição um ar de derrota prenunciada. No entra e sai de vices para Serra, uma coisa parece certa: a escolha de Índio da Costa, deputado federal pelo DEM-RJ em seu primeiro mandato, ocorreu muito mais no sentido de ceder às pressões do DEM pela vaga da vice do que um desejo propriamente dito de Serra. Basta lembrar que, antes da escolha, o candidato tucano só tinha visto o seu atual vice uma única vez.

E o interessante, terminado todo esse processo esquizofrênico de escolha do vice de Serra, que nem a tradicional imprensa, acostumada a apoiar incondicionalmente a oposição, conseguiu esconder o que já é bastante óbvio: que a campanha tucana vai de mal a pior. Dois grandes jornais a serviço do demo-tucanato – a Folha de São Paulo e O Globo – trouxeram nesta quinta-feira, 1º de julho, análises que mostram o que as pesquisas de intenções de voto têm traduzido em números: um cenário de amplo favoritismo para a candidatura da petista Dilma Rousseff. A saber, tanto Ibope quanto Vox Populi mostram a ex-ministra com 40% das intenções de voto, à frente do tucano, que tem 35%.

Artigo do Globo admite que situação de Serra pode piorar
De acordo com a análise do cientista político Murillo de Aragão, reproduzida no Blog do Noblat nesta quinta-feira, “a situação, ao final de junho, confirma as expectativas que tínhamos tanto quanto ao desempenho de Dilma quanto ao seu favoritismo. No momento, as melhores chances de Serra estão em levar a disputa para o segundo turno e tentar reverter a liderança de Dilma, cooptando votos que irão para Marina Silva no primeiro turno”. Nas entrelinhas podemos perceber que há um pessimismo não declarado em relação à candidatura de Serra: ainda que ele consiga levar a disputa para o segundo turno, ele terá que batalhar pelos votos que foram dados a Marina e ainda não se sabe quais são as chances dele receber de fato esses votos.

Aragão destaca como pontos positivos para a candidatura governista o fato de que “o PMDB fechou com Dilma e a coalizão resolveu o principal problema de entendimento entre os partidos em Minas Gerais. O PP – após flertar com Serra – decidiu pelo apoio informal a Dilma. Vinte diretórios do partido vão apoiar a candidata governista. Aécio Neves não topou a candidatura a vice na chapa com Serra. Pior, a escolha se arrastou por junho e terminou em conflito entre o PSDB e o DEM. Ainda a favor de Dilma, a popularidade de Lula é ampla e sólida, e o desempenho da economia continua muito positivo”. O artigo salienta também que “José Serra, pelo seu lado, além de perder a liderança, provocou um conflito com o DEM pela escolha de Álvaro Dias (PSDB/PR) para ser seu vice”.

E se o leitor pensa que o artigo do Globo admite chances de Serra voltar à liderança, engana-se. A análise do cientista político Murillo de Aragão sentencia que “aparentemente, a situação ainda pode piorar para Serra ao longo de julho. Após a Copa do Mundo, o Brasil se voltará com mais atenção para o processo eleitoral. Com a campanha oficialmente em curso, Lula poderá ser mais enfático em seu apoio a Dilma. Ou seja, sem fato novo e extraordinário, as tendências apontam para a consolidação da liderança de Dilma na abertura oficial da campanha”. Jogando uma pá de cal na esperança da oposição, Aragão destaca que “historicamente, quem lidera a pré-campanha tende a ganhar as eleições. Foi assim desde a eleição de Fernando Collor. De acordo com o Ibope, Dilma estaria a 3,3 pontos de liquidar a campanha em primeiro turno. O que antes parecia impossível, já passa a ser possível, ainda que não seja provável”.

Na Folha, Josias de Souza critica erros do PSDB
E até a Folha de São Paulo, quem diria, não poupou críticas à condução da campanha demo-tucana. O jornalista Josias de Souza publicou um texto nesta quinta-feira chamando a condução da escolha do vice por Serra de um “processo de autofagia cibernética”, afirmando que “envolto em atmosfera de volúpia e traição, o presidenciável tucano converteu a escolha de seu vice num striptease autofágico”. A massiva exposição da crise na base de apoio de Serra pesou, segundo Josias de Souza, de forma negativa sobre os rumos da campanha oposicionista. O jornalista lembrou como as relações entre DEM e PSDB foram abaladas e a dimensão que o fato ganhou sendo exposto na internet.

“Com a alcova sob holofotes, Serra portou-se com inocência inaudita. Imaginou que o DEM aceitaria o papel de mulher traída que evita um rompimento em nome da integridade da família. Esqueceu-se de que lidava com uma sigla que assumiu o poder logo após as caravelas de Pedro Álvares Cabral aportarem em Porto Seguro”, anunciou o artigo de Josias de Souza, para em seguida dirigir suas críticas de forma mais veemente à forma com a qual Serra conduziu todo o processo. Chamando o PSDB de “uma agremiação de amigos integralmente composta de inimigos”, Josias de Souza afirmou que “o DEM é um partido razoavelmente coerente” se comparado aos tucanos.

Segundo Josias de Souza, “dono de estilo ‘indiocentrista’, Serra imaginou-se capaz de trafegar pela selva de sua coligação com distanciamento de antropólogo”. E assim como o cientista político Murillo de Aragão sentenciou em seu artigo publicado no Globo, Josias de Souza revelou um pensamento similar, ao dizer que “no Big Brother do tucanato, os morubixabas do DEM levaram Serra não ao paredão, mas ao caldeirão. Obrigaram-no a regurgitar Álvaro Dias e atravessaram-lhe Indio da Costa na traqueia. De erro em erro, Serra virou uma espécie de bispo Sardinha da era da internet. Em autofagia pública, foi mastigado pelos caetés do DEM à luz do twitter”.

Percebe-se, dessa maneira, que a cinco dias do começo oficial da campanha, marcado para 6 de julho, a própria imprensa, que sempre procurou dar sobrevida à campanha demo-tucana, mesmo em seus piores momentos, parece ter perdido seus argumentos. Talvez até mesmo porque se insistisse muito na idéia de que tudo vai bem para a oposição, além de perder a campanha política poderia perder mais ainda sua credibilidade. Não é exagero, neste sentido, afirmar que se a própria velha imprensa admite um cenário nebuloso para a campanha de Serra é porque de fato as coisas para a oposição estão piores do que eles gostariam que estivessem.

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