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segunda-feira, 5 de julho de 2010

FHC e a retórica do espelho


É impressionante a facilidade que tem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em expor idéias que contradizem realidade e teoria. Sem ter algo consistente para falar contra o governo Lula, FHC acaba por dizer qualquer coisa: e o problema é que essa “qualquer coisa” dita pelo ex-sociólogo não encontra sustentação prática e o seu discurso cai na retórica fácil, movida por uma grande vaidade que parece lhe cegar o entendimento. Em seu artigo Eleição sem maquiagem, publicado pelo jornal Estadão neste domingo, 4, FHC não resiste e cai novamente na tentação de querer colocar no governo uma carapuça que não serve a Lula ou Dilma, mas sim à própria oposição.

Vejamos: o ex-presidente, sem ter algo concreto para criticar no Brasil, vai buscar no exterior o fio condutor para a sua argumentação, que mais parece um devaneio político. Começando pela dificuldade que os países desenvolvidos têm enfrentado para superar a crise econômica mundial, o ex-presidente parece tomar para si a profética missão de anunciar um futuro nebuloso para o Brasil: “mas, barbas de molho, as notícias que vêm do exterior, e não só da Europa, mas também da zigue-zagueante economia americana e da letárgica economia japonesa, afora as dúvidas sobre a economia chinesa, não são sinais de uma retomada alentadora”.

E FHC segue seu artigo dizendo que “vive-se no Brasil oficial como se nos tivéssemos transformado numa Noruega tropical”. Assumindo um tom irônico, o ex-sociólogo inicia suas críticas ao governo Lula: “a pobreza existia na época da ‘estagnação’. Agora assistimos ao espetáculo do crescimento, sem travas, dispensando reformas e desautorizando preocupações. Se no governo Geisel se dizia que éramos uma ilha de prosperidade num mundo em crise, hoje a retórica oficial nos dá a impressão de que somos um mundo de prosperidade e o mundo, uma distante ilha em crise. Baixo investimento em infraestrutura? Ora, o PAC resolve. Receio com o aumento do endividamento público e o crescente déficit previdenciário? Ora, preocupação com isso é lá na Europa. Aqui, não. Afinal, Deus é brasileiro”.

A ironia de FHC confunde-se com sua própria vaidade, atingida em cheio pelas realizações do governo Lula, que, sem dúvida nenhuma, foram muito maiores que as do seu período presidencial. Caso as realizações de Lula não tivessem sido tão grandes, como FHC explicaria uma aprovação do governo em níveis superiores aos 75%? Pior, será que a vaidade do ex-sociólogo chega ao ponto dele achar que 75% dos brasileiros estão sendo enganados pelo governo Lula e que ele, o grande sábio da nação, é que mais uma vez está correto? O que o ex-presidente quer tratar como ironia trata-se da mais pura verdade:o Brasil voltou a tomar o rumo do desenvolvimento econômico e também social, já que o crescimento econômico, ao contrário de épocas anteriores, se dá com distribuição de renda.

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