BLOG PROGRESSISTA - NOTICIAS PREFERENCIAIS DO PT

RESPONSÁVEL MARIO ALVIM DRT/MT-1162

quinta-feira, 17 de junho de 2010

"Quero que São Paulo viva uma nova experiência", diz vereador do DEM que nega apoio a Alckmin


Apolinário perdeu a liderança da Câmara por apoiar o PT e pode ser expulso do partido

José Henrique Lopes, do R7. Foto por Divulgação Câmara de SP

Apolinário diz que quer ajudar na campanha de Mercadante.
"O vereador Carlos Apolinário foi destituído da liderança do DEM na Câmara de São Paulo porque virou as costas para o candidato do PSDB ao governo do Estado, Geraldo Alckmin, e decidiu apoiar o adversário petista, o senador Aloizio Mercadante".

Pelo mesmo motivo, corre ainda o risco de ser expulso do partido, que integra a chapa do tucano e também de José Serra, candidato à Presidência.

Mesmo sob a ameaça de ser obrigado a deixar o DEM, Apolinário diz estar convicto de sua opção. Segundo ele, o PT seria uma “novidade” para o Estado de São Paulo, governado há 16 anos por quadros do PSDB.

O vereador afirma que o modelo de gestão dos tucanos “não lhe agrada” e cogita até mesmo se licenciar do mandato na Câmara para atuar na campanha do petista, se for o caso..

Vereador perde liderança do DEM na Câmara de SP

..Leia, a seguir, a entrevista concedida ao R7 por Apolinário em seu gabinete.

R7 - Por que, mesmo sendo de um partido aliado do PSDB, o senhor vai apoiar o nome do petista Aloizio Mercadante?

Apolinário - No dia em que anunciei o apoio [14, segunda-feira], disse que quando o Lula foi eleito pela primeira vez, eu não votei nele. Eu votei no [José] Serra. Quatro anos depois, descobri que o Lula tinha todas as condições de ser presidente, e acredito que, com o Mercadante ganhando a eleição em São Paulo, a política social do Lula será feita aqui também. Ele [Mercadante] me procurou e me convidou a apoiá-lo. Discutimos bastante essa questão de programa, de um governo social, e achei que é uma novidade para São Paulo. O governo do PSDB eu já conheço.

R7 - E como é, na opinião do senhor?

Apolinário - O Alckmin já foi governador, e o Serra também. E qual é a grande marca desses governos? É o Rodoanel, que é importante. Eu quero um governo que faça estradas e viadutos, mas que faça também pela educação. Não estou fazendo crítica à figura humana do Geraldo, nem à figura do Serra, mas eles têm uma visão de governo que eu não acho que seja a melhor. Um governador não pode ser um gerente. Ele tem que gerenciar o governo, mas ao mesmo tempo deve ter uma preocupação social. Acredito que o governo do Mercadante vai ser um governo preocupado com as pessoas mais pobres.

R7 - O Mercadante creditou o apoio que está recebendo de políticos ligados a partidos adversários a um “cansaço” dos 16 anos da gestão tucana em São Paulo. O senhor concorda?

Apolinário - Não vou dizer que é cansaço nem que já basta, mas acredito que São Paulo precisa viver uma nova experiência. Assim como o Brasil viveu uma nova experiência com Lula, eu quero que São Paulo viva uma nova experiência com Mercadante. Essa é a minha expectativa.

R7 - Como o senhor pretende atuar na campanha do Mercadante?

Apolinário - Eu me coloquei à disposição dele e disse “olha, Mercadante, em todo lugar que você achar que a minha presença pode ajudar em alguma coisa, é só avisar que estou pronto”. Se for necessário me licenciar do mandato de vereador para acompanhá-lo, [farei isso]. Entrei para ganhar a eleição, não para fazer número. Onde ele achar que a minha presença é importante, lá estarei.

R7 - Caso ele seja eleito, o senhor espera ser recompensado?

Apolinário - Você não entra em uma campanha por recompensas. Não se faz políticas de troca-troca. A política tem de ser feita com seriedade.

R7 - No plano nacional, o senhor pretende apoiar também a candidatura de Dilma Rousseff?

Apolinário - Não tomei uma posição ainda. É claro que, estando com Mercadante, a chance de eu apoiar a chapa completa é muito grande, acredito que será esse o caminho, mas eu e ele falamos apenas do governo do Estado, não falamos de [eleição para] senador nem de Presidência.

R7 - Há resquícios do racha de 2008, quando Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab concorreram à Prefeitura de São Paulo?

Apolinário - Isso contribui. Na época, fui até o Geraldo, conversar com ele sobre a possibilidade de apoiar o Kassab, porque o Kassab, além de ser o sucessor do Serra, demonstrou 100% de lealdade ao Serra e ao PSDB. Mas o que o Geraldo fez? Não aceitou. Do mesmo jeito que ele foi candidato à Presidência quando o Serra queria ser [em 2006], ele acabou sendo o candidato. Moral da história: grande parte do PSDB não apoiou o Geraldo. Como agora você vai criticar o Apolinário? O PSDB não apoiou o Geraldo, e ele não foi nem para o segundo turno. Claro que tem um peso, tudo isso se soma. Por que competir com o Kassab se o governo era tucano? O governo não era democrata, quem comandava a máquina era o Serra e os tucanos, e mesmo assim o Geraldo não abriu mão. Já é especialidade dele esse negócio de atropelar.

R7 - Como o senhor lida com a possibilidade de ser expulso do partido?

Apolinário - Vou fazer a minha defesa. O partido vai ter de se explicar. Não quero constranger ninguém, não estou esculhambando a política, não saí atirando contra nenhum outro candidato do ponto de vista pessoal. As minhas colocações foram e serão sempre na área política. O governo e os vereadores têm que tomar uma posição, se me querem no governo ou na oposição. A partir do momento em que me tiram a liderança e me ameaçam com a expulsão, eu passo a ficar livre para me comportar como oposição. Sempre votei a favor de todos os projetos de interesse do Kassab e da cidade. A decisão política de apoiar o Mercadante não afeta a minha atuação parlamentar. Se preferirem que eu fique na oposição, para mim não tem problema. O país é assim, você tem situação e oposição, só não ficarei neutro.

R7 - O senhor teme a expulsão?

Apolinário - Não temo. Eu sou de luta. Você não pode fazer política com medo. Você sabe que a morte existe, mas não pode ficar pensando na morte, você tem que pensar na vida. O cara que pensa na morte não vive o dia-a-dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário