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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A indicação de Álvaro Dias para vice de Serra: erro tático ou blefe político?


A notícia de que o PSDB apresentaria o nome do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) aos partidos aliados em torno da candidatura de José Serra, dada no início da tarde desta sexta-feira, 25, pegou a todos de surpresa. Embora o nome de Dias viesse sendo cotado já há algum tempo para o cargo, suas chances efetivas de se concretizar eram tidas como pequenas, basicamente em função de três motivos: 1) Álvaro Dias não é um nome que possui representatividade em nenhuma fatia do eleitorado (como seria uma mulher ou alguém do Nordeste, por exemplo); 2) o Paraná está longe de ser um estado decisivo para o quadro eleitoral; e 3) o ônus de sua indicação supera o bônus, uma vez que não é consensual entre os aliados.

Colocados estes três fatores, entra em debate a seguinte questão: estaria Serra cometendo um erro tático que pode custar a sua derrota já no primeiro turno da campanha presidencial ou esta notícia, veiculada pela grande imprensa, não passa de um blefe político? Sobre o erro tático, fica fácil entender, pois ele é decorrente da combinação dos fatores expostos acima, sobretudo do último: a indicação de um tucano – com exceção apenas do nome de Aécio Neves, que era consensual – pode provocar um grande racha entre os aliados de Serra, sobretudo em relação ao DEM, que reivindicava veementemente a vaga. Para entender a fundo a questão tática, não deixe de ler o artigo a este respeito, clicando aqui.

Contudo, é importante que se diga que a hipótese de erro tático é um tanto quanto estranha, sobretudo se considerarmos que José Serra não é um estreante na política. Desde os anos 80, o tucano concorre praticamente em todas as eleições a algum cargo eletivo e sabe muito bem o custo político que teria um descontentamento em sua base aliada. É difícil acreditar, por esta razão, que o ex-governador de São Paulo seria capaz de bancar uma indicação que comprometeria bastante a sua campanha, sobretudo do lado dos seus aliados. Álvaro Dias não é Aécio Neves, nem na visão dos demos nem na visão dos eleitores. Por que então preferir o nome do senador a qualquer outro nome indicado pelo DEM e que teria o mesmo peso eleitoral , sem contudo ter o ônus de desagradar aliados?

O quadro paranaense e a possibilidade de blefe político
Ora, a resposta mais óbvia que vem à mente é a segunda hipótese levantada no início deste artigo: a de blefe político. Vamos lá: o quadro da disputa pelo governo do Paraná não está definido, haja vista que por enquanto, no plano das grandes candidaturas, apenas a de Beto Richa (PSDB) está formalizada. O irmão do senador Álvaro Dias – Osmar Dias (PDT) – é visto por todos como um candidato forte, capaz de derrotar Richa nas urnas e se tornar o novo governador do Paraná. Para essa tarefa, ele contaria com o apoio do PT e do PMDB, cujo pré-candidato e atual governador, Orlando Pessuti, anunciou no início desta semana que abriria mão de concorrer à reeleição para apoiar Osmar Dias e estabelecer um palanque único para a presidenciável Dilma Rousseff no estado.

A possibilidade de uma candidatura de Osmar Dias, bancada pelo PT e PMDB, naturalmente não é vista com bons olhos nem pelo PSDB estadual nem pelo nacional, uma vez que ela pode inviabilizar tanto a eleição de Beto Richa quanto um palanque forte para José Serra no estado. Do seu lado, Osmar Dias vem adiando há um bom tempo a sua decisão, já que uma das condições que ele estabeleceu para disputar o governo do Paraná ao invés de tentar a reeleição ao Senado foi de que sua vice fosse a pré-candidata do PT ao Senado, Gleisi Hoffmann. Esta seria, segundo Dias, uma garantia de que o PT se empenharia na sua eleição para governador.

Contudo, as conversas nesse sentido não fluíram da maneira esperada por Osmar Dias, já que nem o PT quer abrir mão da candidatura de Gleisi para o Senado nem o PMDB quer deixar de indicar a vice de Osmar Dias. Assim, um pré-acordo costurado em Brasília no decorrer dessa semana, contando com a participação do próprio presidente Lula, garantia a Osmar Dias o apoio do PT e do PMDB, com o PMDB indicando o seu vice e a coligação indicando ao Senado a petista Gleisi e o ex-governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). Osmar Dias, contudo, patinou e ficou de anunciar uma decisão final entre a tarde desta sexta-feira e o próximo sábado, 26, quando o PDT-PR deve oficializar sua posição.

E aí pode estar o blefe do PSDB: com a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra, a idéia seria inviabilizar a candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná, assegurando uma chance real de vitória de Beto Richa e também fortalecendo o palanque tucano no Estado, já que a idéia era de que, neste quadro, Osmar Dias seria candidato à reeleição no Senado na chapa de Richa. Segundo informações do Portal Terra, o senador Osmar Dias declarou, logo após a notícia da indicação de seu irmão para vice de Serra, que “estava certa minha candidatura ao governo (do Paraná), aliado ao PT e PMDB. Mas isso muda”, reforçando a tese de que um blefe com esse propósito já estaria surtindo efeito.

Agora cabem as perguntas: se de fato Osmar Dias desistir de disputar o governo do Paraná para tentar uma reeleição a Senador na chapa de Beto Richa, o PSDB vai bancar de fato a indicação de Álvaro Dias para vice de Serra? Ou tudo isto não terá passado de um blefe tucano para simplesmente tirar Osmar Dias da jogada e fortalecer um palanque regional de Serra? Caso Serra resolva bancar a indicação de Osmar Dias, como ficará a sua relação com o DEM, o segundo maior partido de oposição e uma força importante para a candidatura tucana? Estaria Serra disposto a prejudicar sua campanha nacional por conta de um estado que não é decisivo? De antemão, caciques do DEM, como o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, não gostaram nem um pouco da novidade. Vamos aguardar os próximos capítulos da novela do vice de Serra.

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